Sua canção “Samba de Verão”, feita em parceria com o irmão, Marcos Valle, é uma das três mais executadas fora do Brasil, juntamente com “Garota de Ipanema” e “Aquarela do Brasil”.
Para se ter ideia, esta música teve mais de 80 gravações nos Estados Unidos e até hoje é ouvida em várias partes do planeta.
Paulo Sergio Valle, que completou, em agosto último, 80 anos, atravessa gerações compondo grandes canções, como ”Preciso Aprender a Ser Só”, “Viola Enluarada”, também com o irmão Marcos Valle; e “Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim” e “A Lua Que Te Dei”, com Herbert Vianna, somente para citar algumas.
Com inspiração transbordante, faz jingles, músicas para aberturas de programas, trilhas para novelas e até hino para clube de futebol (Goiás).
São mais de 1000 canções em sua carreira, que começou na época da Bossa Nova.
O grande artista também tem sete livros publicados e preside atualmente a UBC (União Brasileira de Compositores).
Paulo sempre teve forte ligação com o esporte. Foi um dos primeiros surfistas do Brasil e integrou a primeira geração de triatletas. Até hoje, diariamente, faz questão de pedalar, nadar e correr toda manhã.
Curiosamente, conheceu o Espírito Santo quando pilotava avião. E depois voltou de ultra leve. Na entrevista abaixo, ele nos fala de tudo um pouco. E deixa escapar grande carinho pelo Estado e, especialmente, pelo seu povo. Vamos conferir?
Entrevista:
*O senhor sempre teve grande ligação com esportes conectados à natureza...
- Verdade. Fui um dos primeiros surfistas do Brasil. Corri sete maratonas. Participei de várias travessias aquáticas desde a primeira Travessia de Copacabana.
*Foi também um dos primeiros a praticar triathlon no país...
- Passei 15 anos competindo em triathlon. Fiz várias viagens de bicicleta pelo Brasil, pela Europa e África. Essas viagens de bicicleta sempre com minha mulher Malena, com quem estou junto há 50 anos, que também é ciclista. E outras atividades que nem me lembro mais...
*Praticar triathlon naquela época não devia ser simples...
Era uma verdadeira aventura, porque até mesmo faltava um pouco de conhecimento dos treinamentos. Era tudo meio no peito e na raça.
*Como se inspirou para tantas canções de grande relevância na música brasileira?
Inspirei-me na vida: observando-a e vivenciando as coisas.
*E “Samba de Verão”, a terceira música brasileira mais tocada lá fora. Como foi o processo de criação?
Marcos Valle, meu irmão, e eu, morávamos juntos à época que fizemos essa canção. Ainda me lembro bem do Marcos sentado ao piano e eu ao lado com papel e caneta escrevendo a letra. Mexe daqui, mexe dali, saiu uma canção que parece ter emocionado muita gente.
*Nos fale, por gentileza, sobre direitos autorais...
- Sempre recebi meus direitos autorais. Nada tenho a reclamar do ECAD ou da União Brasileira de Compositores. Aliás, eu sou atualmente o presidente dessa grande sociedade (UBC), que auxilia atualmente compositores afetados pela Covid, ao lado de parceiros.
*O senhor tem alguma ligação com o Espírito Santo?
- Estive muitas vezes no estado do Espirito Santo. Eu fui piloto comercial da Cruzeiro do Sul e tínhamos uma linha de voos para Vitória. Bem mais tarde, fiz vários voos de ultra leve do Rio para Guarapari e Vila Velha.
*Muitos reclamam da falta de grandes composições na atualidade...
- Eu acho que cada geração tem sua trilha sonora. Atualmente, a música está um pouco pobre, mas ainda é possível ouvir grandes clássicos da MPB.
*A mídia boicota de certa forma?
- Creio que não. Hoje em dia toca-se de tudo e o acesso à música é até mais fácil. Eu mesmo sou grato à mídia pelo sucesso de duas das minhas mais recentes músicas: Se Eu Não te Amasse Tanto Assim (parceria com Herbert Vianna) e Evidências (parceria com José Augusto).
*Como é sua rotina atualmente?
- Pela manhã corro, pedalo e nado. Na parte da tarde, escrevo (tenho sete livros publicados), componho (se vier alguma ideia) e leio.
*Por favor, seu recado final aos capixabas...
- Do fundo do coração, o Espirito Santo é um dos estados que eu mais gosto do Brasil. O povo capixaba é muito gentil e eu sempre fui muito bem tratado no vosso Estado. Em breve voltarei a Vila Velha e Vitória.