12/01/2021 às 14h42min - Atualizada em 12/01/2021 às 14h42min

​Documentos históricos devorados por traças e cupins em Colatina

A umidade e fungos estragam a saúde da papelada no galpão alugado no Bairro Maria das Graças.

- Nilo Tardin
Redação DDC News
As fotos de páginas e páginas rasgadas ou corroídas de O Colatinense fundado em 1953 causaram indignação. Fotos; Nilo Tardin - 4 de janeiro de 2021

Parte da memória documental desta cidade vem sendo devorada por cupins, traças, brocas e outras pragas que atacam o Arquivo Público de Colatina.

Jogada as traças é a expressão correta para definir a situação do depósito atual de livros e publicações dos poderes públicos municipais. 

Sem critério técnico de catalogação, raros documentos históricos estão embolado pelos cantos em meio a pastas de papéis administrativos da prefeitura de  Colatina, noroeste do Espírito Santo.

O tempo é a principal ameaça destes guardados da memória colatinense. Como isso não é trabalho para qualquer um, a papelada é consumida impunemente pelo voraz apetite do inimigo dos livros. 

Dois exemplos ditam  a falta de interesse e cuidado na preservação da história da região deixada pela administração passada. Ainda mais nesta hora que a Princesa do Norte se veste de Rainha para comemorar 100 Anos de emancipação a 30 de dezembro de 2021.

Exemplares inteiros da coleção encadernada do jornal O Colatinense foram dizimadas pela infestação.  

As fotos recentes de páginas e páginas rasgadas ou corroídas de O Colatinense fundado em 1953 causaram indignação ao delegado de polícia Landulpho Lintz.

 Nos anos de 1990,  Lintz impediu a saída de um caminhão carregado de documentos  oficiais rumo ao incinerador do Sanear (Serviço Colatinense de Saneamento Ambiental).

“O arquivo público carrega a história de vida da cidade. Se destroem esses registros  fica o sentimento de vazio.  De apagar  nossa memória.  É muito sério. Resta a sensação de desmando”, disse Lintz ao sugerir a necessidade de estabelecer uma  política de conservação preventiva de papéis históricos.

O segundo exemplo é o sumiço de quatro raros Livros de Actas legislativa entre 1857 a 1906.

Os livros relatam o dia a dia do gigantesco município da foz do Rio Doce a divisa de Minas Gerais.  Os anais  foram arrancados a força de Linhares pela tropa de jagunços liderados pelo Coronel Alexandre Calmon, o Xandoca em 1906.  As atas não estão sendo encontrada no arquivo pelos servidores.

“Desesperadora é a melhor forma para definir essas condições do arquivo local. Passou da hora de digitalizar tudo. Contratar pessoal especializado historiador, arquivistas e bibliotecário”, sugere o advogado Ubirajara Douglas Vianna.

Outro Lado



O ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli diz que já encontrou o antigo arquivo público abandonado.

“As instalações estavam de um modo muito esquisito. Autorizei alugar um local adequado. Na época fui procurado sobre o extravio das atas legislativas históricas. Eu terei que questionar a minha ex-secretária de administração responsável por esse setor.  Em resumo. Ofereci condições de trabalho”, disse Serginho.

O prefeito de Colatina Guerino Balestrassi garante que vai tentar recuperar o arquivo público municipal.  
 
  
 

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