O triathlon, esporte mais extenuante do planeta, que envolve as modalidades natação, ciclismo e corrida, tem variadas distâncias.
As mais populares são a olímpica (1.500 metros de natação, 40 km de ciclismo e 20 km de corrida) e a do Iron Man (3.800 metros de natação, 180 km de ciclismo e 42,2 km de corrida).
Dificilmente atleta de uma distância se atreve a competir em outra, mas acontece.
Em muitos países adaptou-se uma distância denominada "triathlon longo" ou Meio Iron Man (1.9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida).
Em 2006 nos lascamos. A Pauta Livre assessorava a Confederação Brasileira de Triathlon (CBTri) e divulgou, a plenos pulmões, que a Fernanda Keller (seis vezes medalha de bronze no lendário Iron Man do Havaí) havia se inscrito no Campeonato Brasileiro de Longa Distância (1.9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida), que aconteceria em Guarapari.
Keller não só se inscreveu como nos concedeu bela entrevista, dez dias antes do evento.
Acontece que várias atletas bem mais jovens e que competiam na distância olímpica também se inscreveram. Mas, tudo bem.
Seria prova empolgante, que confrontaria gerações e adeptas de distâncias distintas.
Os principais veículos de comunicação se dirigiram a Guarapari para, principalmente, ver a Fernanda Keller em ação, afinal, é o nome mais conhecido do Brasil, no que se refere à modalidade, até hoje.
Chegamos bem cedo e ficamos felizes ao ver no box número um: a touca, a bike, os tênis, a numeração que se coloca no calção, o balde, enfim, tudo da atleta.
Mas a hora da largada se aproximava e nada da rainha. Ela não apareceu.
Conhecemos a expressão "mundo desabando na cabeça". A maior atração da prova evaporou.
Várias explicações surgiram, nenhuma da grande atleta. Especulou-se que ela teve indisposição no hotel; que sofreu fisgada na coxa esquerda; que teve que voltar às pressas para Niterói (RJ) e, até mesmo, vejam só, que não quis medir forças com a galera, bem mais jovem, adepta da distância olímpica que estava "voando".
Deixo a avaliação por sua conta, caro internauta. Só sei que, mesmo com mais de uma década de convivência com estrelas e seus egos, tenho que confessar que a ausência da atleta foi soco bem dado na boca do estômago.
Ainda bem que os colegas da imprensa compreenderam, generosamente, a situação e seguimos vivos até hoje. Mas com pesadelos com a rainha, evidentemente.
Que saudade deste tempo. Opa, já passou!