A ideia era curtir os primeiros raios de sol, assim como os movimentos iniciais da edição de 2022 da Volta à Ilha de Vitória, a maior competição náutica de remo do Brasil, neste ano com participação de atletas de diversos países.
Cheguei ao local às 5h45 a bordo de um Uber com motorista meio enlouquecido que ignorou todos os sinais vermelhos e cortou em alta velocidade a bruma cinzenta das avenidas mais movimentadas da Vitória marítima. Devo confessar: sei lá por que, adorei o gosto de risco na boca.
Na concentração, nada de sol na Baía de Vitória. Mesmo assim a imponente imagem do Convento da Penha iluminava a Praça do Papa, impondo sua força história, espiritualidade e linda arquitetura, a léguas de distância e com água em profusão na maré em movimento de enchente.
Os navegadores chegavam aos poucos. O sol nos ignorou, mas amei a prata tímida sobre as águas perfumadas de maresia. As 6h40 seguimos para o Espaço Baleia Jubarte para os avisos finais da organização.
Em poucas frases, o diretor da prova explicou a finalidade da competição. “Propagar saúde e consciência ecológica por meio do esporte náutico”. Adorei saber.
“Se observar algum adversário com problemas, pare e ajude. Deixe seu legado em Vitória”. Ganhei o dia.
Às sete horas foram feitas as primeiras chamadas para a largada e às 7h10, os primeiros barcos largaram. Foi renovadora a experiência, mesmo registrada por um “velho cão de guerra” do esporte, com 33 anos de serviços prestados e Olimpíada, Paralimpíada, Mundiais e Sul Americanos e Jogos Panamericanos nas costas.
Oito horas já estava em casa, com sensação gostosa (de não sei do que) na alma.
O evento é grandioso. Conforme a assessoria de imprensa, a maior largada, a de canoa havaiana é considerada a mais bonita do Brasil. “A prova é conhecida internacionalmente como uma das mais lindas, por ser realizada num cenário acolhedor e de tirar o fôlego”. Concordo plenamente!
Ainda conforme a assessoria, em 2021, o recorde de competidores foi batido. Foram mais de 75 canoas com capacidade de 6 remadores e um total de 144 embarcações, incluindo barcos individuais, duplos, triplos e quartetos.
A disputa contou com diferentes categorias de embarcações movidas a remo: canoa havaiana, remo olímpico, kayak, entre tantos outros. São 30 km de remada no entorno da ilha. Para eles, vale a famosa frase do poeta: “Navegar é preciso...” De certa forma, para mim também.