10/05/2024 às 14h52min - Atualizada em 10/05/2024 às 14h52min

Igor Colombo traz novos ares à MPB produzida no Espírito Santo

Show de lançamento será no dia 15 de maio, no Palácio da Cultura Sônia Cabral

- José Roberto Santos Neves
Agência - JRSN
Cantor e compositor lança o seu primeiro álbum de canções autorais, “Saudade Solar”, nesta sexta, nas plataformas digitais. Foto-Divulgação.
 


O cantor e compositor Igor Colombo, de 25 anos, traz novos ares à MPB produzida no Espírito Santo, com o lançamento do seu primeiro álbum, “Saudade Solar”. O trabalho reúne 12 composições de sua autoria, com referências diversas que perpassam o Clube da Esquina, a Tropicália, The Beatles e Frank Zappa.

O álbum chega às plataformas digitais na próxima sexta (10) e terá estreia nos palcos em 15 de maio, às 20h, quando o músico fará uma apresentação no Palácio da Cultura Sônia Cabral, em Vitória, acompanhado por sua banda. A entrada é gratuita.

Igor Colombo conta que a inspiração para o trabalho partiu do luto pela morte do pai em 2019. Do sentimento de saudade nasceram as 12 canções do álbum, que expressam a resiliência do compositor diante da ausência de um ente querido e a necessidade de seguir a vida em frente.

“Saudade Solar é uma viagem entre emoções complexas que buscam expurgar tudo aquilo que foi sentido nos últimos quatro anos”, afirma Igor. Ele cita como exemplo a música “Deixa fluir”, canção com influência de Lô Borges que mescla o sentimento do luto com as vivências provocadas pela pandemia da Covid-19. “Em ambos os casos, gostaríamos de estar perto das pessoas que amamos, mas temos que aceitar o fato de que não podemos vê-las, e a coisa mais saudável a se fazer nesses momentos é aceitar, deixar a vida fluir e deixá-la nos levar a novas experiências”, descreve o compositor.

Além dos laços afetivos, a homenagem ao pai se estende à influência musical. “Meu pai, Horácio, era um músico amador que sempre participou de bandas que tocavam músicas da Jovem Guarda, The Ventures e similares. Ele também foi um compositor com um número considerável de canções”, comenta Igor. “Posso considerá-lo como minha primeira referência musical, juntamente com o meu irmão mais velho, Renan Simões, que seguiu carreira acadêmica e hoje é professor de música da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)”, observa.

Progressivo

Gravado no Estúdio da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), “Saudade Solar” revela um compositor que preza pelo cuidado com as letras, melodias e arranjos das canções. Acompanhado por instrumentos de cordas dedilhadas, sopros, teclados e percussão, Igor Colombo transita por diferentes ritmos, flertando com o rock progressivo e o jazz, porém sempre com a base fincada na MPB.

Ao longo do álbum, chamam a atenção o jazz-rock “O Amanhã não será meu”, o clima etéreo de “Sorte no caminho” (que bebe na fonte do “Trem azul” de Lô Borges e Ronaldo Bastos) e a balada soul “Vou dizer”, que emula Djavan e as canções easy listening de vocação radiofônica.

Formação

Essa versatilidade é, provavelmente, fruto de sua formação acadêmica – ele é graduado em Licenciatura em Música pela Ufes – e de suas referências musicais diversas, que incluem Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan, no estilo de interpretação; David Bowie, Beto Guedes, Elliot Smith e Frank Zappa, nas melodias e progressões harmônicas; e Moacir Santos e Frank Zappa, nos arranjos. “Na forma de organizar as palavras, acentuação e tipo de rima, muito do que ouvi de rap (principalmente Criolo, BK e Exu do Blues) me ajudou a construir coisas que acredito serem ritmicamente interessantes”, acrescenta Igor.

Para o show de lançamento de “Saudade Solar”, no dia 15 de maio, Igor Colombo prepara um repertório composto por todas as músicas presentes no álbum, incluindo os singles “Cataquiporá” e “Doce Terra”, já disponíveis nas plataformas digitais. “Prefiro fazer shows em espaços interessantes e que proporcionem uma apresentação de qualidade. É o caso do Palácio da Cultura Sônia Cabral. Será uma noite especial”, vislumbra.
 

CONFIRA: 

Lançamento do álbum “Saudade Solar”, de Igor Colombo
Data: 10 de maio
Onde ouvir: Spotify, Tidal, Apple Music, Amazon Music e Youtube
 
Show de lançamento de Igor Colombo e Banda

Data: 15 de maio
Horário: 20h
Local: Palácio da Cultura Sônia Cabral - Rua São Gonçalo, Centro, Vitória (ES), 29.015-210
Entrada: gratuita
Músicos: Igor Cowosque (guitarra), Vitor Collodetti (piano), Gustavo Romano (bateria), Tiago Corrêa (baixo), Arthur Costa (sax alto), Gilson Villas Boas (sax tenor), Henrique Davel (trompete) e Rhyan Trindade (trombone)
 
 
FICHA TÉCNICA – ÁLBUM “SAUDADE SOLAR”:Mixagem: André Akira

Master: Daniel Tápia
Composições/arranjo/voz/violão: Igor Colombo
Guitarra: Igor Cowosque e Potiguara Menezes
Bateria: Gustavo Romano
Teclas: Vitor Collodetti, Thiago Romanelli e Mario Schiavin
 Baixo: Marco Cavalca
Sax alto: Arthur Costa
Sax tenor: Gilson Villas Boas
Trompete: Rafaela Leila, Henrique Davel e Gabriel Colombo
Trombone: Felipe Silva
Flauta Transversal: Matheus Viana e Iago Tartaglia
Percussão: Flávia Bonelli
Backing Vocals: Renan Simões, Sabrina Souza e Hellem Pimentel
Estúdio: Estúdio de Música Ufes
Capa do álbum: Gustavo Morais
 

SAIBA MAIS SOBRE IGOR COLOMBO:

O compositor e arranjador capixaba Igor Colombo é formado em Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como chefe de naipe e instrutor de violão no programa Música na Rede, do governo do Estado do Espírito Santo. Começou a aprender violão e teclado aos seis anos de idade e, por volta dos 14, iniciou seus estudos no violão erudito. Alguns anos depois passou em primeiro lugar no Curso de Formação Musical (CFM) de violão erudito, na Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames), e continuou seus estudos na instituição. Durante o ensino médio, participou de uma banda chamada “Creatio”, com repertório baseado em rock progressivo, no estilo de bandas como Yes, Genesis e Rush. Na mesma época, começou a fazer composições que culminaram em seu primeiro álbum caseiro com músicas “não oficiais”. Em 2024, o artista lança seu primeiro álbum oficial, “Saudade Solar”.
 
FAIXA A FAIXA POR IGOR COLOMBO:

Sorte no Caminho - Essa foi a primeira música que fiz pensando no disco. A canção fala sobre a perda sentida como prematura de alguém, sendo o trem o elemento constante da vida, que não para, apesar de algumas pessoas ficarem pelo caminho. Além disso, a canção fala sobre a velhice pelo olhar dos mais novos, como é possível perceber nos versos “O sol que brilhava escureceu e o tom não chega a ser alto como antes…”. Apesar de não ter tanta semelhança, pensei muito na obra de Lô Borges enquanto fazia a canção, e no refrão busquei fazer algo bem contrastante, com muita tensão e “quebrado ritmicamente”. Apesar de toda melancolia e ambiguidade da música, busquei fazer algo um tanto lúdico e ingênuo.

Segredos no Jardim - O nome dessa música foi baseado num desenho chamado “O Segredo Além do Jardim”, que conta a história de dois irmãos que estão em coma e se aventuram pelo limbo entre a vida e a morte, tentando voltar para casa. A letra fala sobre o pesar que sentimos ao refletir e perceber que não aproveitamos tanto o tempo com as pessoas que amamos, e que nunca vai ser o suficiente. A música também comenta sobre como a perda de entes queridos na infância pode mudar bastante a forma como uma criança vê o mundo. Essa música também é bastante inspirada na “Força do Vento” de Lô Borges, e trabalha com o compasso composto, assim como muitas músicas desse artista.

Silêncio Natural - Outra música muito inspirada na canção “Força do Vento” do Lô Borges. Fala sobre essa vontade de pegar as dores do outro só para não vê-lo sofrer, e sobre a consciência que temos ao perceber que tudo um dia acaba, tudo morre, tudo passa. A música tem alguns instrumentos percussivos experimentais, como um anel de metal dentro de uma tampa de desodorante e uma chave balançando em momentos aleatórios. O início do solo é uma referência direta ao solo de “Mistério do Planeta”, dos Novos Baianos, sendo este um momento de expressar a intensidade dos sentimentos que às vezes ficam calados.

O Amanhã Não Será Meu - Essa música é uma constatação de que não deixamos nada para trás quando morremos, dizendo isso de uma forma um tanto irônica. Faz menção às músicas de rock antigas, lembrando um pouco a fase inicial dos The Beatles, sendo uma homenagem a este gênero musical.

Deixa Fluir - É uma canção que mescla os sentimentos do luto com o sentimento da pandemia. O solo de órgão no final é fortemente influenciado pela música “Tarkus”, do Emerson Lake & Palmer (ELP).

Vou Dizer - A introdução dela foi composta por meio de um improviso. Na época eu estava buscando uma música que explorasse uma região mais aguda da voz, e então me veio essa melodia e a progressão do início. No momento em que estava improvisando, me veio na cabeça Djavan e músicas de igreja norte-americanas. O resto da canção demorou bastante para ficar pronto, e só consegui terminá-la quando ouvi algumas músicas do Tim Maia, para ter uma inspiração do que eu buscava esteticamente.

Cataquiporá - Essa música entrou no álbum porque eu buscava alguma canção que tivesse um ritmo um pouco mais assimétrico. No momento eu só tinha o refrão que eu tinha improvisado em 2021. Então, no final de 2022 decidi terminá-la, e no início de 2023 comecei a fazer o arranjo de metais. A música busca trazer essa ideia de banda de rua, tendo uma referência direta a Moacir Santos, principalmente no triângulo, que tem a mesma função de sua música chamada “Kathy”. Cataquiporá foi um nome que inventei para um indígena que morreu afogado num rio. É um jeito de falar indiretamente sobre a morte do meu pai.

Doce Terra - Essa música inteira foi fruto de um improviso: liguei o microfone e comecei a tocar tendo em mente apenas os acordes que iria utilizar. Acredito que a letra traduza situações que estavam acontecendo ao meu redor no momento. Foi minha primeira tentativa enquanto arranjador e a primeira gravação em estúdio que realizei.

Deixa o Sol Te Ver - É uma música muito lúdica que expressa a morte da infância. Retrata alguns dos últimos momentos que tive com meu pai no hospital e também alguns momentos similares que tive com outros familiares quando criança. O verso “agora só quero voz e violão pra cantar…”, seguido de um solo de trompete, reafirma minha ideia de que nem sempre sabemos o que é melhor para a gente ou para todos, e que às vezes as coisas são somente como elas são. No final existem várias referências de vozes que eu fazia quando era criança, incluindo The Beatles e Frank Zappa.

 Brilho do Tempo - Fala sobre sempre pensarmos no futuro e nunca estarmos satisfeitos com o que temos no momento. A cada objetivo alcançado já colocamos outro imediatamente, e quando vemos a vida já passou. A música é um questionamento de o quanto isso nos deixa ansioso e até que ponto é necessário e saudável. Tem fortes referências de Radiohead no solo e na progressão harmônica.

Nunca é Sobre Mim – Fiz essa música num dia em que estava um pouco triste e sozinho. A parte inicial foi feita de forma espontânea. Começa num tom mais introspectivo e depois vai ganhando confiança, repensando o que é importante, relembrando os bons momentos até que chega à parte final “O momento certo é agora!” e então tudo volta a ter sentido. Depois de tudo isso, voltamos ao início novamente, mas agora com uma nova perspectiva. Nessa canção busquei referências no Elliot Smith, por ele já ter feito várias músicas com uma estética similar.
S
er Sentimental -
É a canção que fecha o disco. Foi bem complicado concluir essa faixa por não saber até onde eu podia me deixar ir e como expressar determinadas sensações. Traz várias metáforas sobre sentimentos complexos, tanto de minha parte quanto de familiares próximos, que pude notar no decorrer do luto. O verso “É, tá tudo bem, eu já não sinto nada” traduz muito a forma como me senti boa parte do tempo após o acontecimento. O fonograma tem certo tom religioso e uma estética parecida com algo que o Beto Guedes tenha feito nos anos 80, além de progressões inspiradas em David Bowie, principalmente no álbum “Space Oddity”.
 

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