30/08/2019 às 14h56min - Atualizada em 30/08/2019 às 14h56min

Avanço do tombamento de casarões racha moradores de Santa Teresa

- Nilo Tardin / Laili Campostrini Tardin
Laili Tardin - DDC
A mobilização a favor e contrária ao projeto de tombamento dos casarões históricos marcou na noite de ontem, 29 a audiência pública convocada pela Câmara dos Vereadores de Santa Teresa, na região serrana capixaba.

O plenário ficou lotado. o grupo contra a criação  da zona protegida apareceu em maior número  munido de faixas e cartazes. A maioria proprietários, empresários, e comerciantes. Eles alertavam que os preços dos imóveis irão despencar, além de impedir demolição ou reforma. 

Já o movimento dos favoráveis apela para o bom senso da urgência em conservar relíquias da arquitetura da era colonial capixaba.

Ao menos 32 imóveis estão na lista de tombamento provisório aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC) com base no pedido da professora Laurany Matiello em 2013.

A audiência foi convocada pelo presidente do legislativo Bruno Araújo para tirar dúvidas,  apresentar o desenho do sítio histórico e linha de preservação, explica o técnico em patrimônio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) Rodrigo Zotelli Queiros, 43 anos.

 - O processo continua, diz o arquiteto urbanista Rodrigo Zotelli sobre o avanço preparatório na área protegida, apesar de avaliar que nas próximas etapas o modelo de tombamento será ‘refinado’ e sujeito a ajustes.

“A finalidade da sessão popular foi cumprida. A solicitação do legislativo  visou tirar dúvidas dos moradores e esclarecer o trâmite do processo.  Havia idéias falsas e mitos sobre o tombamento que foram elucidados”, afirmou. 

"Sou contra. Se um imóvel custa R$ 1 milhão, depois do tombamento não vale R$ 200 mil”, avalia um empresário que quis a identidade preservada.  Nascida em Santa Teresa, a jornalista Fernanda Coutinho lembra que o turismo aquece a economia graças à cultura italiana e suas características.

“O conjunto arquitetônico precisa ser preservado. Não somente na sede. No distrito de Santo Antônio do Canaã, há uns 2 anos, foi demolida a casa que foi a primeira escola do local. Subiu um prédio de 3 andares no lugar”, acentuou Fernanda que descende de italianos.  

Ontem, os conselheiros do Comitê dos Italianos no Exterior – RJ/ES  emitiram comunicado de apoio ao tombamento do sítio histórico de Santa Teresa. Leia na Íntegra a Nota Oficial.
 
 
 Vitória (ES), 29 de agosto de 2019

Comitê dos Italianos no Exterior (Com.it.ES), do Consulado Geral da Itália no Rio de Janeiro
Os membros do Com.it.ES. (Comitê dos Italianos no Exterior – Rio de Janeiro/Espírito Santo) vêm manifestar seu apoio ao tombamento do sítio histórico da sede de Santa Teresa (ES), a primeira cidade fundada por italianos no Brasil.
 
Destacam a importância desse tombamento, fruto da luta de muitas décadas pelos moradores do município e, de modo geral, por todos os capixabas diante da importância para a memória do Espírito Santo que tem a preservação desse importantíssimo patrimônio arquitetônico da cultura de imigração italiana no Estado, impedindo assim a sua descaracterização, ou mesmo a demolição de imóveis centenários.
 
Destacam que Santa Teresa é reconhecida por Lei Federal como a primeira cidade fundada por italianos no Brasil. Lembram que, devido à sua importância cultural, a preservação do sítio histórico torna-se fundamental, não somente em nível local, mas para o Estado do Espírito Santo, para o Brasil e para a Itália.

Reconhecem que, em pleno século XXI, não é admissível que "em nome do progresso", ou pensando-se apenas na obtenção de lucro, esses importantes registros da história mundial fiquem desprotegidos, mas sim, que deverão ser protegidos para as atuais e para as futuras gerações.
 
Solicitam ainda que sejam ofertadas, pelos órgãos competentes, alternativas de apoio aos moradores e comerciantes que serão diretamente contemplados pelo tombamento, para que os mesmos possam continuar com suas atividades e ao mesmo tempo possam contribuir para a preservação desse importante sítio histórico.
 
Assinam esta nota, os conselheiros capixabas do Com.it.ES:

Cilmar Franceschetto, Rita Bortoluzzi Herzog, João Otávio De Carli e Fernanda Coutinho

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