02/03/2021 às 12h45min - Atualizada em 02/03/2021 às 12h45min

Osvaldo Zanello que adotou Colatina como sua terra

Desde os 13 anos de idade ex-deputado tornou-se militante da vida política deste País

Paulo César Dutra - Cesinha

Paulo César Dutra - Cesinha

​Paulo César Dutra é Jornalista e Radialista Profissional e formado em MKT. e-mails: dutra7099@gmail.com

Presente & Passado
- Por Paulo César Dutra (Cesinha)
Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se ao partido governista, a Aliança Renovadora Nacional (Arena). Foto: Reprodução - Paulo César Dutra
Oswaldo Zanello Vieira da Costa foi um político, jornalista e empresário que nasceu em Ribeirão Preto, no Estado de São  Paulo, no Brasil, no dia 19 de abril de 1920. Ele era filho de Joaquim Vieira da Costa e de Elisa Zanello.

Desde os 13 anos de idade tornou-se militante da vida política deste País.Em 1946 ele recebeu do presidente nacional do Partido de Representação Popular (PRP), Plínio Salgado, a incumbência de organizar o partido no Estado do Espírito Santo e durante sua pregação partidária fixou-se em 1948 no município de Colatina, no Norte do Estado, onde se casou com a capixaba Maria Frechiani, com quem teve seis filhos e viveu o resto da sua vida por aqui na terra capixaba.
 
E foi aqui em Colatina, que em outubro de 1950 elegeu-se deputado à Assembleia Legislativa do Espírito Santo-ALES na legenda do PRP, obtendo a segunda votação do estado. Empossado em fevereiro do ano seguinte, destacou-se durante essa legislatura na defesa dos interesses dos cafeicultores. Foi reeleito em outubro de 1954 na legenda da coligação formada pelo PRP e o Partido Republicano (PR), obtendo nessa ocasião a maior votação do estado.
 
 Oswaldo Zanello desde os 13 anos de idade tornou-se militante da vida política deste País. Porém, estudou durante sete anos no Seminário de Santo Afonso, dos padres redentoristas, em Aparecida do Norte (SP), matriculando-se em seguida num curso comercial, que interrompeu em 1936 para transferir-se com a família para Campos, no Estado do Rio de Janeiro.
 
Em Campos, enquanto ajudava o pai trabalhando numa indústria de álcool, filiou-se, ainda em 1936, à Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de inspiração fascista fundada por Plínio Salgado em 1932. Em 1937 ingressou no Colégio Plínio Leite, em Niterói, onde continuou a pregar ativamente os ideais integralistas.
 
Em maio do ano seguinte liderou, ao lado de Belmiro Valverde, o levante integralista. Irrompido no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 11 desse mesmo mês, o movimento contou com o apoio de oposicionistas liberais visando à deposição do presidente Getúlio Vargas. O principal episódio do levante foi o assalto ao palácio Guanabara, residência do presidente da República onde, apesar da precária resistência legalista, os manifestantes foram contidos em poucas horas.
 
Zanello foi preso em Campos, para onde retornara, e transferido para a Penitenciária de Niterói onde permaneceu durante oito meses. Absolvido pelo Tribunal de Segurança Nacional, associou-se ao pai na instalação da usina de Santa Rosa, em Miracema (RJ), vendida mais tarde devido a dificuldades financeiras. Com os recursos que lhe couberam na dissolução da sociedade, seguiu para o Rio de Janeiro, onde montou a Torrefação Mojiana.
 
Em 1946, após o fim do Estado Novo (1937-1945), retornou à política figurando entre os fundadores do Partido de Representação Popular (PRP), liderado por Plínio Salgado. Recebeu a incumbência de organizar o partido no Espírito Santo, bem como a de fundar o jornal A Tribuna, em Vitória.
 
Durante sua pregação partidária fixou-se em 1948 no município de Colatina (ES), onde se casou com a capixaba Maria Frechianie fundou outro jornal, A Folha da Noite, que ainda em 1960 circularia sob sua direção. Posteriormente adquiriu terras no estado do Espírito Santo para a plantação de café.
 
Deputado estadual
 
Em outubro de 1950 elegeu-se deputado à Assembleia Legislativa do Espírito Santo-ALES na legenda do PRP, obtendo a segunda votação do estado. Empossado em fevereiro do ano seguinte, destacou-se durante essa legislatura na defesa dos interesses dos cafeicultores. Foi reeleito em outubro de 1954 na legenda da coligação formada pelo PRP e o Partido Republicano (PR), obtendo nessa ocasião a maior votação do estado.
 
Posteriormente licenciou-se da Assembleia para assumir a Secretaria de Agricultura do estado, a convite do governador Francisco Lacerda de Aguiar, empossado em janeiro de 1955. Em diversos períodos acumulou com esse cargo os de secretário da Fazenda interino e de secretário da Viação e Obras Públicas, além de ter representado o estado na junta administrativa do Instituto Brasileiro do Café (IBC).
 
Em 1957 passou a secretário-geral do governo do estado e, como tal, dedicou especial atenção ao problema da assistência creditícia e técnica à lavoura e da assistência médica e social aos homens do campo. Nesse sentido, organizou a Associação de Crédito e Assistência Rural do Espírito Santo (ACARES), em convênio com o Escritório Técnico de Agricultura (ETA) da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural (Abicar) e o Centro do Comércio de Café.
 
Firmou também com o ETA um convênio para fomentar a cultura do cacau no Espírito Santo. Deixou a secretaria do estado para se candidatar a deputado federal pelo Espírito Santo no pleito de outubro de 1958, na legenda da Aliança Democrática, coligação formada pelo PRP e a União Democrática Nacional (UDN), elegendo-se com base, principalmente, no eleitorado de Colatina, Castelo, Santa Teresa e Ibiraçu.
 
Assumiu o mandato em fevereiro de 1959 e em dezembro de 1960 foi escolhido vice-líder do PRP na Câmara dos Deputados. Reelegeu-se no pleito de outubro de 1962 na legenda da Coligação Democrática, formada pelo PRP, a UDN, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Progressista (PSP), assumindo mais uma vez a vice-liderança do PRP na Câmara em abril de 1964, poucas semanas após a vitória do movimento político-militar de 31 de março desse ano, que depôs o presidente João Goulart (1961-1964). Em maio seguinte tornou-se vice-líder do Bloco Parlamentar da Maioria.
 
Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se ao partido governista, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime militar instalado no país em abril de 1964, do qual se tornou vice-líder na Câmara a partir de abril de 1966. No pleito de novembro de 1968, reelegeu-se deputado federal na legenda da Arena e, nessa legislatura, participou da reunião da Organização Internacional do Café (OIC), realizada em Londres em 1968.
 
Mais uma vez eleito em novembro de 1970, integrou as comissões de Minas e Energia, de Comunicações e de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas e a Comissão Especial para a Integração de Povos da Comunidade de Língua Portuguesa e foi ainda vice-presidente da Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados. No pleito de novembro de 1974 voltou a se eleger deputado federal na legenda da Arena, integrando nessa legislatura as comissões de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas e de Comunicações. Deixou a Câmara dos Deputados em janeiro de 1979, não tendo disputado a reeleição em novembro do ano anterior e abandonando definitivamente a carreira política.
 
Osvaldo Zanello foi ainda presidente do conselho diretor da Associação de Crédito e Assistência Rural do Espírito Santo e do Instituto do Bem-Estar Social de seu estado e membro do Conselho Rodoviário e Florestal e da junta administrativa do IBC.
 
Em seu casamento com Maria Frechiani Zanello tiveram os seguintes filhos: Ana Maria, Plínio, Oswaldo, Marilisa, Mariângela, Luzia, Marcos, André e Lucas. Já longe da política, residindo em Vitória, Osvaldo faleceu no dia 3 de novembro de 1999. Ele recebeu homenagens da Assembleia Legislativa e do Congresso Nacional através do então senador Gerson Camata:
 
“...Sr. Presidente, comunico à Casa e ao meu País a notícia do falecimento hoje, em Vitória, do ex-Deputado Federal Oswaldo Zanello. Representante do Espírito Santo na Câmara dos Deputados de 1959 a 1979, teve um dos mais extensos mandatos na Câmara dos Deputados. Foi colega de V. Exª e do Senador João Calmon, que perdemos também. 
 
A família capixaba hoje está enlutada pelo falecimento desse valoroso Parlamentar do Espírito Santo que, embora nascido em São Paulo, era ligado pelo casamento à família Frechiani, da Cidade de Colatina, norte do Espírito Santo. 
 
Dedicou-se extremamente à defesa da agricultura no Estado do Espírito Santo. Desse modo, grande parte da riqueza agrícola, da riqueza do interior do Estado, da pecuária, principalmente da lavoura de café, deve-se à luta de Oswaldo Zanello como Secretário da Agricultura. Como Secretário de Viação e Obras Públicas, abriu muitas rodovias de penetração. Depois, como membro da Junta Governativa do IBC, sempre batalhou muito pelo Estado do Espírito Santo. 
 
Em nome da Senadora Luzia Toledo, do Senador Paulo Hartung e de todos os capixabas, apresentamos à Dona Maria Frechiani, sua excelentíssima esposa, e aos filhos Ana Maria, Plínio, Oswaldo, Marilisa, Mariângela, Luzia, Marcos, André e Lucas os sentimentos da família capixaba por essa perda irreparável que o Espírito Santo sofre hoje”. 
 
 
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