01/10/2019 às 18h10min - Atualizada em 01/10/2019 às 18h10min

Emoção marca entrega da comenda Senador Moacyr Dalla em Colatina

- Nilo Tardin
Moacyr Dalla Júnior foi o primeiro a receber a Comenda Senador Moacyr Dalla em Colatina. Fotos> Nilo Tardin
A emoção tomou conta da Câmara dos Vereadores de Colatina na solenidade de abertura de entrega da Comenda Senador Moacyr Dalla.

 A medalha foi cunhada este ano para homenagear personalidades colatinenses que ajudaram a cidade a evoluir social, política e economicamente.

A reação da plenária durante a execução do Hino de Colatina e Nacional chamou atenção do presidente do legislativo Eliésio Bozani. “Em dois mandatos, nunca vi nada tão bacana”, após a interpretação vibrante da platéia e integrantes do Coro Amici D’Itália.

Moacyr Dalla Júnior foi o primeiro a receber a comenda que leva o nome do seu pai, o senador colatinense Moacyr Dalla, o único capixaba a presidir o Congresso Nacional e na linha de sucessão presidencial. Moá usou bem o seu tempo de quatro minutos para  falar da trajetória do homem público do auge da carreira nos tempos da redemocratização ao afastamento voluntário desiludido com os rumos da política no Brasil.  “Ninguém conheceu melhor o senador Moacyr Dalla do que eu. Estive sempre ao seu lado” resumiu Moacirzinho.

Moacir Dalla nasceu em Colatina (ES) no dia 10 de março de 1927, filho de Jacó Dalla e de Maria Mourão Dalla. Cumpriu três mandatos como deputado estadual (de 1962 a 1974) e um como deputado federal (de 1975 a 1979). Ele também presidiu o Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves presidente da República em janeiro de 1985.

Deixou o senado em 1987 no final da legislatura. Abandonando a carreira política, reassumiu as funções de tabelião em Colatina. Faleceu no dia 20 de agosto de 2006.

A presença da família de Moá Dalla, 68 anos parentes e amigos marcou o início da cerimônia cívica. Quinze colatinenses notáveis foram agraciados na noite de ontem, 1º com diploma e a comenda nas cores azul e branco do brasão municipal.  O prefeito Sérgio Meneguelli, Domingos Riva, o ex-prefeito Syro Tedoldi, os comerciantes Domingos Riva e Beto Linhares, dona Ilária e Pergentino Júnior foram representar o reitor Pergentino de Vasconcellos, Joana Peixinho entre outros vultos ilustres da cidade.

Leia na íntegra o discurso do Comendador Moacyr Dalla Júnior


A biografia do senador Moacyr Dalla é repleta de grandes realizações. Nasceu em Colatina em 1927, Formado em Direito pela Ufes em 53, começou a carreira política em 62, elegendo-se Deputado Estadual.

Foi deputado estadual de 62 a 74, deputado federal de 75 a 79, e senador, de 79 a 87. Foi presidente do Senado Federal de 83 a 85, o único capixaba eleito pela casa para exercer esta função.

Nesse periodo, ele organizou uma das páginas políticas mais importantes do Brasil, que foi a votação da emenda Dante de Oliveira, um dos primeiros passos para a volta da democracia, e presidiu o Colégio Eleitoral que elegeu como presidente Tancredo Neves. Foi responsável direto pela finalização da obra da Terceira Ponte, conseguindo os recursos necessários para a construção de uma das maiores vias econômicas e turísticas do Estado.

Tão importante quanto a sua carreira política, é sua história pessoal. Um homem de origem simples, que nunca mediu esforços para ajudar a população desta cidade. Muitos de vocês devem se lembrar de uma cena marcante de Colatina: meu pai sentado em uma cadeira, bem em frente à sua casa ou no cartório, onde recebia a todos que por ali passavam sempre com uma palavra amiga, um conselho, uma boa história.

Essa era a essência do cidadão Moacyr Dalla. Seja tratando com as mais importantes autoridades do Brasil e do mundo, em Brasília, ou pelas ruas de Colatina, com o cidadão mais simples. Ele tratava com carinho, com respeito e seriedade a todos. 
 
Como filho e cidadão Colatinense eu acho justa a referência ao meu pai na comenda Senador Moacyr Dalla. Por isso agradeço, de coração, aos nobres vereadores pela aprovação desta comenda por unanimidade.
Acompanhei toda a sua vida politica e sei o quanto ele trabalhou por nós e merece ter se tornado o exemplo que se tornou.

Meu pai, por vezes, priorizou a política no lugar de sua vida pessoal e de nossa familia, justamente por acreditar que ao assumir um cargo público, estaria assinando um compromisso com a população. Por isso, utilizar o nome de meu pai como referência exige desta casa muito respeito: Moacyr Dalla se aposentou na vida de parlamentar porque deixou de acreditar no cenário politico em que vivíamos. Dizia ele que quando decidiu sair, concluiu que seus colegas parlamentares, à epoca, falavam sempre de si e para si, e não para o povo. As preocupações tornaram-se singulares, ao invés de realizações para o bem de todos. Por isso, em sua honra, digo a vocês para lembrarem-se dessas palavras e trabalharem sempre para o bem estar da população.

Levo o nome do meu pai, e isso é uma grande responsabilidade. Poderia dizer que é difícil seguir em frente carregando seu legado de INTEGRIDADE, HONESTIDADE E RESPEITO, mas não é. Viver dessa forma não foi uma opção, mas sim o unico e mais importante ensinamento que ele me deixou:ser integro, honesto e respeitoso não é uma virtude, mas uma obrigação.
Vivi e trabalhei com meu pai a minha vida toda, seja como seu cabo eleitoral, fiel escudeiro, colega de cartório e companheiro de viagens.

Assumi a liderança dos negócios da família ainda na época da politica.
Deixei para trás uma juventude repleta de musica, arte, diversão para me tornar o homem que ele precisava que eu fosse quando ele dependeu de mim. Até minha lua de mel foi interrompida mais cedo para que eu e Vera, minha esposa, pudéssemos dar uma força na necessidade.

E não nos arrependemos nem um minuto. A admiração do meu pai por Colatina e pelas pessoas daqui foi uma das minhas grandes heranças. Por aqui fiz minha família, meus amigos e ajudo a criar meus netos. Amo essa cidade e tento sempre retribuir as bênçãos que alcancei por aqui.

Meu pai morreu durante os festejos do aniversário de Colatina. Na ocasião, houve um cortejo de emocionar: o veículo do corpo de bombeiros que levava meu pai ao velório seguia em carreata.

As lojas fechavam suas portas, as pessoas com as mãos no coração, e militares em continência. Naquele momento, na cidade, havia uma manifestação do movimento LGBT, que fez silêncio no momento da passagem, em homenagem a um homem que não tinha preconceitos.

Naquele dia, os mais novos da família, que não acompanharam sua carreira na politica, sentiram e se emocionaram com o respeito e amor com que a cidade retribuiu a ele.

Desde sua morte, precisei não só seguir com seus ensinamentos, mas também me transformar naquela figura importante que era ele dentro da sociedade.
Ainda que com menos tempo, abri minha porta para tentar aconselhar, assuntar, confortar e ouvir a todos que procuravam por mim seja no cartório, seja na minha casa, seja nas ruas da cidade. E acredito ter assumido bem o papel.
 
Hoje eu penso que o maior presente que recebi do meu pai foi medar forças para seguir em frente mediante as injustiças- tanto as injustiças sociais quanto as pessoais - e continuar lutando pelo que eu acredito ser certo. E a vocês eu digo, não há gratificação maior na vida de um homem do que a sensação de dever cumprido e a serenidade de deitar a cabeça no travesseiro tendo a certeza de se ter feito o correto - ainda que a injustiça persista.

Meu pai não está mais aqui fisicamente. Mas ainda é aquela pessoa sentada à porta do Eterno Cartório Moacyr Dalla- e que será assim para sempre, quer queiram ou não - pronto a receber e confortar a quem quiser. 

Ele está aqui porque eu estou aqui - e sigo fazendo o que ele ensinou.
   

 
Ele está aqui porque eu estou aqui - e sigo fazendo o que ele ensinou. 

Colatina, 30 de setembro 2019

Câmara dos Vereadores de Colatina  

 
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