17/07/2020 às 12h46min - Atualizada em 17/07/2020 às 12h46min

Infarto foi a causa da morte de repórter fotográfico que marcou época no jornalismo capixaba

Ele usava ponte safena em virtude de um outro infarto.

- Por José Carlos Bacchetti
SindiJornalistas/ES
A infância de “Titinho” foi humilde, mas de uma pessoa digna. Carregava dentro dele uma boa alma
A morte do fotógrafo Ailton Lopes, o “Titinho” foi de infarto e não de contaminação da Covid-19. Ele usava ponte safena em virtude de um outro infarto. A suspeita de coronavírus não permitiu a realização do velório na tarde desta segunda-feira, 13 no Cemitério Jardim da Paz, em Laranjeiras, na Serra.

O laudo atestando infarto saiu nesta quarta-feira e seu resultado não surpreendeu a família. “Titinho” era líder comunitário do Bairro Estrelinha, na Grande Região de Santo Antônio, em Vitória e aposentado pelo Diário Oficial do Governo do Estado. Deixou mulher, duas filhas e três netos.

Iniciou sua carreira em A Gazeta quando o Departamento de Fotografia pertencia ao seu irmão José Carlos Lopes, que com o rompimento do acordo firmado com A Gazeta foi para a Bahia onde se estabeleceu no ramo de farmácia. Além de “Titinho”, a empresa de José Carlos contava com outros dois irmãos: Ailson e Adilson, o “Picote”.

“Titinho” migrou para o Jornal A Tribuna que estava se reestruturando. Já Ailson e Adilson deixaram a profissão. Ailson optou pelo ramo de gás. Ele trabalhou por décadas em uma empresa de gás em Jardim América, em Cariacica. Levou a sério a profissão e acabou infartando. Tempos depois quem também acabou morrendo foi o irmão Adilson.

“Titinho” continuou a luta e foi o último dos irmãos a morrer. Eles tiveram também uma irmã – dona “Ninita” – considerada a base da família. Ela morava ao lado do irmão Ailson próximo ao campo do Caranguejão, que deu lugar a Viação Planeta e ao antigo presídio de mulheres de Cariacica.

A infância de “Titinho” foi humilde, mas de uma pessoa digna. Carregava dentro dele uma boa alma.

Quando rompia a amizade com um “coleguinha”, entrelaçava os dedos e dizia que estavam proibidos de pronunciarem seus nomes. Mas como não conseguia ficar muito tempo sem falar com os “amiguinhos” com quem se divertia jogando futebol ou bolinha de vidro, os chamavam de “prinque”.

E desta forma se entendiam e brincavam, mas sem dizer o nome. “Prinque” era a palavra-chave.

No jornalismo surpreendia os concorrentes fazendo fotos com entrevistados de outra equipe: “Posso fotografar”? Mostrava a foto para o colega de jornal, e dizia: “Corre lá! Você ia levar um furo”. Que o amigo “Titinho” descanse em paz!”.

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