01/09/2020 às 14h52min - Atualizada em 01/09/2020 às 14h52min

​Lorrayne, a vedete das estradas brasileiras

O transexual vive nas ruas há 25 anos

- Nilo Tardin
DDC Redação
Quero ir embora. Estou cansada de andar por ai. Meus pais e avós já se foram, tenho parentes no sul do país, diz Lorrayne. Foto: Nilo Tardin
Sou homem, diz com a voz grave o andarilho Lúcio Marcelo da Silva, 46 anos, a Lorrayne legítima representante do mundo LGBT nas estradas brasileiras onde vive sem destino há 25 anos.

Negra, pobre e cheia de amor para dar, Lorrayne sequer olhou para trás ao deixar a próspera cidade de Assis, no Sul de São Paulo para confrontar o perigo das ruas nos três estados - SP, MG e ES -onde passou até chegar aqui. O carrinho de bebê entulhado de roupas, objetos pessoais e penduricalhos é a única riqueza que carrega pelas ruas de Colatina. Ela chegou há cerca de seis meses na cidade de 123 mil habitantes do noroeste capixaba.

“Você é o quê”, pergunta ao repórter durante a abordagem enquanto estica o cabelo com o pente esgarçado pela força usada ao desembaraçar, o vasto cabelo afro já um pouco branco pelo tempo. “Vai sair no facebook ? Quem sabe minha família vê e vem me buscar. Quero ir embora. Nasci Marcelo, meu nome social é Lorrayne. Estou cansada de perambular por ai. Meus pais e avós já se foram, tenho parentes, tios e primos lá em Assis", disse o transexual como se autodefine.

Vestida de bermuda surrada e uma blusa azul cintilante colada no corpo, Lorrayne garante que tem a profissão de gráfico, mas agora ganha o sustento trabalhando nas lavouras de café da região.   

“Descobri que era gay aos 13 anos. Estudei até a 5ª série. Sei ler e escrever. Gosto de acompanhar os acontecimentos do dia a dia pela televisão nos postos de combustível”, revelou ao sair empurrando o carrinho, sua casa de teto de estrelas.

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »