20/12/2021 às 17h24min - Atualizada em 20/12/2021 às 17h24min

Espécie humana pode ter triunfado graças às avós, defendem pesquisadores de Harvard

Dependência prolongada das crianças promoveu a longevidade humana

Agência Público
Os frágeis bebês humanos e seus cérebros enormes teriam mais probabilidade de sobreviver e se desenvolver se tivessem avós. Foto: Ilustração.

 As crianças escondem um imenso potencial, mas para desenvolvê-lo requerem cuidados intensos e prolongados que muitas vezes excedem a capacidade dos pais.

​Somos dependentes por anos depois de deixar o útero da mãe, e isso provavelmente impulsionou características típicas da espécie. Pesquisadores da Universidade Harvard defendem que a importância de ter avós ativos fez com que os humanos mantivessem uma boa condição física muito depois dos anos reprodutivos e que isso também explicaria por que o exercício é tão benéfico na velhice.

Esse papel das avós, como pilares da educação, pode ser o motivo pelo qual as mulheres, ao contrário do que acontece em quase todas as espécies animais, podem viver décadas após perder a fertilidade. A análise foi publicada na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.A “hipótese da avó” foi desenvolvida a partir da observação de mulheres mais velhas da tribo Hadza no Norte da Tanzânia.

A pesquisadora Kristen Hawkes, da Universidade de Utah, viu que essas senhoras eram muito produtivas e coletavam alimentos que mais tarde compartilhavam com suas filhas. Essa generosidade favoreceu que elas lhes dessem mais netos.

A análise das sociedades pré-industriais no Canadá e na Finlândia produziu conclusões semelhantes. No início do século XVII, em Quebec, os registros eclesiásticos permitiam calcular que as mulheres que moravam na mesma paróquia que suas mães tinham em média 1,75 mais filhos do que as irmãs que moravam longe. Na Finlândia, os resultados mostraram uma tendência semelhante, desde que a avó não tivesse mais de 75 anos.

— A seleção natural teria favorecido a longevidade em espécies compostas por indivíduos dependentes — afirma María Martinón Torres, diretora do Centro Nacional de Pesquisas da Evolução Humana (Cenieh) em Burgos, naEspanha.

Os frágeis bebês humanos e seus cérebros enormes teriam mais probabilidade de sobreviver e se desenvolver se tivessem avós. Esse importante papel teria trazido, como recompensa, uma vida muito mais longa e saudável para nossa espécie do que para espécies próximas, como os chimpanzés. Esses animais, férteis até a morte, sofrem uma deterioração física significativa na casa dos 30 anos e geralmente não ultrapassam os 40 anos.


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