02/07/2021 às 11h27min - Atualizada em 02/07/2021 às 11h27min

Hora de acertar as coisas

Me parece que estamos assistindo a queda de mais um governo no Brasil

Filosofia na Veia
A queda de um governo viara uma página da história e sempre significará o amadurecimento e crescimento de um povo. Foto Ilustração Web.

Alguns analistas conjunturais percebem as constantes e sucessivas derrocadas de políticos brasileiros como um sinal de enfraquecimento da nossa democracia, contudo para um país menino de apenas 500 anos, considero que tais eventos significam um amadurecimento cívico e democrático.

Afinal, apesar da fama de povo ordeiro e pacífico já aprendemos a exigir respeito, à revelia dos conchavos e sistematização das políticas sujas de trocas de favores e valores.

Quero ressaltar que quando valorizo a ação de derrubada de poder, me refiro especificamente a ação popular e não ao produto das “maracutaias” políticas, publicitárias e jurídicas que se formam, na maioria das vezes, não como uma reação, mas exatamente como ação que traduz o reflexo de uma política judicializada numa justiça política, de um interesse midiático espúrio ou da eloquência sofistica da péssima qualidade do plantel político nacional.

Falo de povo, de movimento de rua, de levante.

Quando esse povo, tido como pacífico e esperançoso, digo esperançoso não no sentido freireano – esperança-ação, mas do contexto do poeta popular: “brasileiro, profissão esperança”, se indigna e vai às ruas, rompendo com a letargia de “massa de manobra” e clamando por respeito e dignidade.

Não falo de novidade, falo de história, de sentimentos indomáveis que resistiram e derrubaram uma ditadura militar, armada, violenta e covarde, que destituíram um presidente midiático, populista e acobertado pelas grandes instituições, inclusive a indústria cultural oportunista e, por que não dizer, gulosa.

Nos dias atuais a história se repete, iludidos por um discurso populista, de segregação, afirmação do indivíduo, discriminatório e com forte viés religioso, o povo acreditou no “salvador da pátria”, agora nomeado “mito”, que ao “frigir dos ovos” se mostra apenas como “mais do mesmo”.

Mas, mesmo que com um certo atraso, o povo acorda. Ao perceber as intenções ocultas na aparência e concretizadas nas ações, a indignação toma conta e as ruas começam a ser tomadas pelos comuns, aqueles mesmos mansos que se sentindo desrespeitados e aviltados percebem a necessidade de enfrentamento, até mesmo frente ao risco de contágio dessa pandemia que vivemos.

O que me parece é que a queda desse governo são “favas contadas”, ele confiou demais na ignorância e despreparo do povo brasileiro e, como negacionista que é, desconsiderou a história e se sentiu o “caolho em terra de cego”.

Ventos de esclarecimento e crescimento da cidadania sopram pela revolta e necessidade de luta. Fazer história, protagonizar as vitórias do respeito e tolerância ao diferente, que nos torna iguais.

A queda de um governo sempre significará o amadurecimento e crescimento de um povo.

“Quem sabe faz a hora”
 
 

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