08/07/2022 às 18h37min - Atualizada em 08/07/2022 às 18h37min

Aos 63 anos, morre o professor Marcos Sávio de Oliveira

Chaleira, como era conhecido não resistiu as complicações do transplante de fígado

Petra e Marcos Sávio. Foto: Divulgação.
O professor e ativista político Marcos Sávio Oliveira, 3 anos faleceu na manhã desta sexta-feira, 8. Marcos Chaleira como era conhecido em Colatina não suportou as complicações de um transplante de fígado. O corpo está sendo velado na Capelka Mortuária da Matriz de São Silvano. Será sepultado nesta sábado, 9 às 10 h no Cemitéro de São Vicente.

Sua filha Petra Sofia faz a despedida. Além de professor, Marcos Sávio foi bancário da Caixa Econômica e servidor do Poder Judiciário do ES.

Pai.
Palavra tão curtinha, mas que traz tanta coisa à tona. Eu, como entusiasta da psique humana, nunca pude deixar de analisar a grande influência que figuras paternas têm sobre os indivíduos.
 
Não seria diferente comigo. Aliás, já que toquei nesse assunto, quisera eu falar do meu pai. Marcos Sávio Oliveira, also known as MSO sucesso, louro, alto, do olho azul, mundialmente conhecido em Colatina. A excentricidade em pessoa, conhecido pela mente que chocava a todos que passavam por perto, quase tanto quanto seu bom humor extremamente ácido que não tinha precedentes. Como eu sempre disse, as pessoas odiavam amar tanto o meu pai.
 
Impossível de passar por um lugar sem ser percebido de longe, sua energia contagiava a todos. Coisas que só o jeito MSO de ser proporcionava - intenso e cativante. Tudo com ele era demais, nunca soube estar na "meiuca". Extremamente atento aos detalhes, não havia um erro de português que ele não notasse e corrigisse. Novamente…coisas que só o jeito MSO de ser proporcionava.
Criou a mim e minha irmã para sermos no mínimo tão extraordinários quanto ele, e seguimos muito bem seus comandos.

Eu, em minha busca para agradá-lo, segui seus passos principalmente no apreço pelo bom rock n' roll e blues, além de querer ser a melhor no inglês e no espanhol. Em nossas conversas, vivíamos nos zoando sobre como um era superior ao outro. Engraçado foi que, em nossa última conversa, eu admiti sua superioridade e o quanto te admirava.

Aliás, admiro! Por deus, seis faculdades, seis línguas, inúmeras aprovações de concursos e muitos, mas MUITOS alunos que foram agraciados pelo seu bom humor e sapiência.

 
Não teve jeito…apesar disso tudo, sua teimosia chamava a atenção. Por uma série de escolhas não tão bem-feitas, a saúde pediu arrego. Ele teve a escolha de ficar quieto ou ir para a batalha, e assim o fez. Teve medo? Muito medo! Bastante, mas jamais fraquejou. Tentou até que finalmente veio o transplante. Infelizmente, não correu como o esperado e você resolveu nos deixar. Não sou a pessoa mais religiosa do mundo, assim como você também era, então eu falho em entender os mecanismos de Deus, universo, orixás. Não queria ter que te dar adeus agora.

Tive não uma, não duas nem só três aula de morte e luto na faculdade - nomeio as fases dele num piscar de olhos se quiser -, mas nenhuma aula me preparou para escutar daquele médico que meu pai, meu herói, meu amigo, havia falecido às 8 da manhã do dia 8 de julho. Nada. Mas tudo bem. Neste momento eu não sou estudante de medicina, sou sua filha. E sinto sua falta. E sei que muita gente também sentirá.

 
Sentirá porque você é gigante. Sentirá porque você sempre foi muito maior que seus defeitos.
 
Todos dizem que eu sou tão parecida contigo…meu bom humor, extroversão e facilidade com idiomas podem corroborar com isso, mas queria eu ter 10% da sua grandeza. Levo comigo seus olhos azul piscina e certeza de que tive o melhor pai que eu poderia ter tido.
Eu sempre te disse que estava tudo bem em sentir as coisas demais. E realmente está. Pecou por amar demais. E está tudo bem por aqui. Eu, mamãe e Pérola estamos bem encaminhadas.

A Pérola seguiu seus passos e está se formando em Letras com 10 no TCC. E, se tudo der certo, eu serei médica em 3 aninhos. Viu? Tá tudo bem em você ter ido. Resta muita saudade.
Pai. Palavra tão curtinha. Com tanto significado. Agora significa saudade.
Da sua kissuka preferida,
Petra Sofia Sávio.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »