17/02/2021 às 09h26min - Atualizada em 17/02/2021 às 09h26min

O dia em que o último trem da CVRD passou no centro de Colatina

O transporte ferroviário em Colatina se faz presente desde os seus primórdios

- Por Paulo César Dutra (Cesinha)
Na década de 70, o fluxo intenso de carros e pedestres dividia o trânsito com os trens em umaa mesma rua no Centro do município.Fotos: Afrânio Serapião. Reprodução: Cesinha Dutra
 
  
 Há 46 anos, no dia 24 de outubro de 1975, a cidade de Colatina parou para assistir a passagem do último trem da Vale, no centro da cidade, e as retiradas dos trilhos da ferrovia que por quase 70 anos passou por ali.  A 1ª estação ferroviária da cidade foi inaugurada em 28 de outubro de 1906 (a 115 anos), na Praça Municipal, hoje Praça Getúlio Vargas.

O prefeito de Colatina era Paulo Stefenonique recepcionou o ministro dos Transportes, Dirceu Nogueira, o governador Élcio Alvares, os diretores da Vale, secretários de Estado e representantes da classe política capixaba, no evento da retirada dos trilhos.
 
O motivo das presenças era a inauguração da variante da ferrovia da Vale, que marcava a retirada definitiva dos trens do centro da cidade. Umacomposição especial da Vale procedente de Vitória chegou a Colatina sendo recebida pelo grande público que prestigiava o acontecimento e se comprimia na plataforma para recepcionar as autoridades, que chegavam na composição.
 
O prefeito de Colatina, Paulo Stefenoni, abriu as festividades discursando na plataforma da nova estação; onde destacou a intima ligação entre Colatina e a Vale, o que tornou possível o avanço da cultura e do progresso da cidade.  No início do século XX houve a chegada dos trilhos da Vale cortando o centro da antiga Vila de Colatina, e também da Vila de Itapina, atual distrito do município e um dos Sítios Históricos tombados a nível estadual.
 
Com o advento da ferrovia, o processo industrial foi impulsionado, pois a mesma possibilitou o escoamento de mercadorias e o transporte de pessoas tanto à capital Vitória quanto a Minas Gerais. Junto aos trilhos, surgiram evidências da arquitetura ferroviária industrial em Colatina como a antiga Estação, o terminal de cargas, a ponte de ferro Agenor Alves e o vagão de trem, localizados na região central da cidade.  A Estação de Itapina, que se tornou patrimônio da cultura de Colatina, descreve o processo de industrialização ocorrido no município.
 
Inicialmente, a Vale tinha como percurso o centro do município de Colatina e com a evolução urbana da cidade, foi necessário remodelar o traçado dos trilhos, levando-os para a região periférica.

A partir disso, o antigo conjunto ferroviário perdeu suas características iniciais -o de ser um entreposto ferroviário-, e passou a sofrer com a degradação de sua estrutura e a mudança de uso. Além disso, com a crise cafeeira na década de 70, Colatina passou por um processo de êxodo populacional, o qual teve grande impacto em Itapina, pois o distrito possui hoje uma população flutuante - onde a maioria não reside no local.
 
Ferrovia
 
O município de Colatina é atendido pela Estrada de Ferro Vitória a Minas, administrada pela Vale desde 1906. A atual estação ferroviária de Colatina está situada no bairro do Acampamento, próximo ao Centro da cidade e a estação ferroviária Itapina, que está localizada no distrito de Itapina, possibilitam o transporte diário de passageiros por meio das composições que circulam entre as regiões metropolitanas de Vitória e Belo Horizonte, cortando várias cidades da região do Vale do Rio Doce.
 
Dentre as alternativas de transporte coletivo regulares, a Vale possui grande importância para moradores da região e se destaca por ser uma via de viagem mais barata e segura possível para várias cidades que contam com estações ferroviárias.
 
O transporte ferroviário em Colatina se faz presente desde os seus primórdios, com a inauguração das primeiras estações da localidade: Baunilha, no distrito homônimo, em 30 de agosto de 1906 e Colatina, região central do município (hoje é a Praça Getúlio Vargas), em 28 de outubro de 1906. O município também ganharia outras estações ao longo dos anos como a de Itapina, em 20 de outubro de 1919 e a de Santa Joana, no distrito de Santa Joana, na zona rural da cidade, em 1º de fevereiro de 1922.
 
Nos anos 1940, uma alteração do traçado da ferrovia, devido a uma retificação desta, levaria a desativação das estações Baunilha e Colatina. Por volta da mesma ocasião, uma segunda estação ferroviária foi construída no bairro Esplanada, sendo inaugurada em 1949 e coincidindo com a demolição da primeira estação de 1906, onde atualmente está localizada a Praça Getúlio Vargas.
 
A segunda estação de Colatina, ao longo dos anos, também receberia obras de ampliação. Com a retificação da ferrovia, o desvio que se seguia ao distrito de Baunilha acabou suprimido, resultando na desativação de sua estação ferroviária, que ficaria fechada por alguns anos. Desde 1954, o prédio da antiga Estação Baunilha abriga uma lanchonete em seu interior. Anos depois, o seu antigo leito ferroviário daria lugar a um trecho da BR 259.
 
Nos anos 1970, o município de Colatina apresentava um grande desenvolvimento urbano. Porém, devido a isto, começavam a surgir os primeiros transtornos envolvendo a ferrovia e o fluxo intenso de carros e pedestres, que dividiam o trânsito com os trens em uma mesma rua no Centro do município.
 
Este fator fez com que a Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale), construísse uma variante fora do perímetro urbano, resultando na construção de uma terceira estação ferroviária, na retirada dos trilhos da região central e na desativação da segunda estação de Colatina, no ano de 1975.
 
Atualmente, em seu prédio abrigam-se os escritórios das Secretarias Municipais e em seu antigo leito ferroviário, está situada a Praça Sol Poente. No mesmo ano de 1975, com a inauguração da então nova variante, foi inaugurada a terceira e atual Estação Ferroviária de Colatina, no bairro Acampamento e distante à 2,5 km a oeste da área central da cidade, na margem direita ao sul do Rio Doce.
 
A Estação Santa Joana, localizada no distrito homônimo, também foi desativada e consequentemente demolida ao longo dos anos, não sobrando dela vestígio algum. O local onde ela se situava, ainda se encontra às margens da ferrovia. Já a Estação Itapina, no distrito de Itapina, se mantém ativa até os dias atuais.
 
Rodoviário
 
Colatina é cortada pela BR 259, ligando à cidades do Leste de Minas e a BR 101, e pela ES 080, que liga as cidades do Noroeste e Serrana do Espírito Santo. Além da recém-inaugurada ES 248, que liga Colatina à Linhares, passando por belas lagoas e margeada pelo Rio Doce. Colatina também é cortada pela Estrada de Ferro Vitória a Minas, operada pela mineradora Vale às margens do Rio Doce, por onde trafegam trens de cargas e de passageiros diários, vindos de Minas e seguindo rumo ao litoral capixaba.
 
Colatina é atendida diariamente por dezenas de linhas interurbanas, possuindo o maior Terminal Rodoviário do Noroeste do Estado. É atendido pelas Viações Águia Branca; Pretti; São Gabriel; Itapemirim; Marilândia; Lírio dos Vales; São Roque; Eucatur; Gontijo; Rigamonte; possuindo viagens diárias para Vitória; Cidades das regiões Norte, Noroeste e Serrana do ES; Leste de Minas Gerais; Porto Velho (RO). O transporte coletivo da cidade é realizado pelas empresas consorciadas Joana D'arc e São Roque, compondo o Consórcio Noroeste Capixaba, que atende toda a zona urbana do município.
 
A Cidade de Colatina
 
Durante muito tempo o rio Doce desempenhou no estado do Espírito Santo o papel de limite natural entre a zona povoada e a região desconhecida do Norte do Estado. A história do desbravamento do município de Colatina está intimamente ligada às tentativas de colonização do vale do rio Doce.
 
A evolução de sua mancha urbana deu-se, inicialmente, a partir da margem sul do Rio Doce. Nos dias atuais nota-se equilíbrio entre ambas as partes. Estas são ligadas por meio de duas pontes. Colatina é carinhosamente conhecida como Princesa do Norte, em virtude do papel de destaque que ocupou na economia capixaba nos idos dos anos 50 e 60.
 
Umas das primeiras incursões nas terras que constituem o atual município de Colatina deve-se ao capitão Antônio Pires da Silva Pontes Leme que, quando no governo da Capitânia do Espírito Santo, tentou o levantamento do rio Doce e a abertura de uma estrada até Minas Gerais.
 
Ordenou, também, a instalação dos postos militares de Regência Augusta, Porto do Souza e Lorena, na margem esquerda do rio Doce iniciou uma povoação que primitivamente teve o nome de Coutins e, mais tarde, o de Linhares.
 
Uma tentativa mais direta do povoamento do solo colatinense verificou-se por volta de 1857, sob a orientação de Nicolau Rodrigues dos Santos França Leite que lançou os fundamentos da Transilvânia, nas terras adjacentes aos rios Pancas e São João. Essa frente pioneira, entretanto, não chegou a alcançar Colatina.
 
 Só em 1888 e, mais tarde, em 1894 chegaram alguns imigrantes para a ocupação das terras devolutas do rio Doce. A colônia de Limão, a mais próxima de Colatina, foi assolada pela matéria, e os colonos, por isso, imigraram.
 
Entretanto, o povoamento definitivo de Colatina processou-se pelo Santa Maria, obedecendo à natural expanção de uma outra ala pioneira oriunda de Santa Leopoldina.
A partir dos núcleos iniciais de Santa Leopoldina Porto de Cachoeira) e de Santa Isabel, estendeu-se uma colonização alemã por toda a bacia dos rios Jucu e Santa Maria de Vitória, a qual, já em 1891, iniciava no local onde atualmente se ergue a cidade de Santa Leopoldina a primeira derrubada para a medição de lotes. Para estes serviços construiu-se um barracão e o local ficou conhecido por “Barracão de Santa Maria”.
 
O município de Linhares compreendia, então, toda esta região até Escadinhas. Em 1899, foi esse povoado elevado a sede do distrito, a que se denominou Colatina, homenagem prestada pelo Engenheiro Gabriel Emílio da Costa a D. Colatina, esposa do governador Muniz Freire.

A construção da estrada de ferro Vitória-Minas alcançou Colatina em 1906, três anos depois de iniciada, abrindo grande possibilidade para o povoamento do rio Doce.
 
Dez anos mais tarde, colonos alemães oriundos da região serrana do Espírito Santo atingiram as cabeceiras do rio Mutum e dos riosPanquinhas, na região norte do rio Guandu.

O movimento pioneiro, entretanto, só se desenvolveu a partir de 1928, quando foi construída a ponte sobre o rio Doce, em Colatina já assumia então a sua posição de cidade chave para o acesso da região norte do rio Doce.
 
Por volta de 1916, ocorreu na vila um fato digno de menção. Após o pleito estadual em que foi eleito Bernardino Monteiro, os derrotados – coronel Alexandre Calmon e PinheiroJúnior. Chefiaram a revolta do “Xandoca” que instalou em Colatina o governo de Pinheiro Junior. Em 29 de junho do mesmo ano a rebelião foi dominada.
 
A 30 de dezembro de 1921 foi criado o município de Colatina, separado de Linhares, com território que compreendia toda a área então pertencente ao município de Linhares, inicialmente compreendendo as terras dos atuais municípios de Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Governador Lindenberg, Linhares, Marilândia, Pancas, São Domingos do Norte e São Gabriel da Palha.

Linhares acabava de perder sua categoria de sede municipal, passando a ser Vila subordinada a Colatina. Só em 1945 Linhares foi desmembrado de Colatina.

Colatina possui seis distritos: Ângelo Frechiani, Baunilha, Boapaba, Graça Aranha, Itapina e a sede do município.

 
 
 

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