22/05/2021 às 13h09min - Atualizada em 22/05/2021 às 13h09min

As misses colatinenses que fizeram sucessos no ES, no Brasil e no Mundo

Colatina é o berço de cinco misses Espírito Santo

- Por Paulo César Dutra (Cesinha)
Coluna Presente e Passaso
Miss Brasil 1968 – Dalva Riva na passarela. Foto: Reprodução Revista Nossa - Colatina -ES
 

 
Elas fazem parte, com muito orgulho, da história dos 100 anos de Colatina. A beleza da mulher da Princesa do Norte nas passarelas contagia o Espírito Santo, o Brasil e o Mundo, quando ela desfila e se apresenta. Sua beleza corre mundo e, por tanto correr o mundo, cai nas graças dos admiradores, não deixando de marcar presença nos diversos acontecimentos de grande movimentação da sociedade local, estadual, nacional e internacional.


Colatina é o berço de cinco misses Espírito Santo, entre elas Maria Rosa Ferrari, a “Mariquinha”, que injustamente deixou de ser a Miss Brasil e provavelmente a Miss Universal em 1930.
  
Além da “Mariquinha” (1930), Colatina teve eleitas como misses Espírito Santo: Maria Fernandes, Carminha Zamprogno, Justina Primo (1964) e Dalva Riva (1968). “Em Colatina, menina, tem tudo que a gente quer. Tem simpatia da menina e a beleza da mulher”, disse o poeta e compositor paulista, mas capixaba de coração, e consagrado nacionalmente (músicas gravadas por grandes nomes da Música Popular Brasileira –MPB), Pedro Caetano. Ele sabia muito bem o que estava dizendo quando compôs uma música em homenagem à beleza das misses de Colatina. Falar da mulher colatinense sempre foi e será fundamental, pois não existe quem não reconheça tal fato.
 
A beleza da colatinense corre mundo. E, por tanto correr o mundo, cai nas graças dos admiradores, não deixando de marcar presença nos diversos acontecimentos de grande movimentação da sociedade. Não é por acaso que Colatina é chamada “A Princesa do Norte Capixaba”.
 
Seja morena, loira, mulata ou negra, a mulher colatinense sempre foi reconhecida por seus traços físicos perfeitos, mas, sobretudo, por seu bom gosto, charme e elegância. Tão famosa ela é que foi mencionada na antiga Revista Bloch, em revistas editadas nos anos 1960 e 1970, em reportagens sobre as belezas do Espírito Santo.
 
E como comprovação dessa tão exaltada beleza, ela já representou o Estado do Espírito Santo em vários concursos de misses, principalmente da década de 1930 em diante. Pelo menos cinco delas foram reconhecidas pela perfeição de seus traços, personificação de beleza feminina, simplicidade, angelismo e inteligência, qualidades essenciais para a escolha.
 
Elas nas passarelas
 
A primeira foi Maria Rosa Ferrari, a “Mariquinha”, em 1930. Entre todas elas, foi a que mais se destacou nas passarelas. Era filha de Fidélis Ferrari e Raquel D’alcomo, descendentes de italianos. Em 1930, ela tinha 16 anos, era alta, de olhos azuis e já moça feita, quando foi escolhida para representar Colatina no desfile de Miss Espírito Santo e venceu. Era seu primeiro passo para a fama nacional e internacional.
 
Na época, com o pai sempre viajando, o medo de “ficar falada”, como dizia o povo naquela ocasião, a mãe explicava às autoridades colatinenses que ela não tinha roupa e que também o pai não estava em casa para a autorização. “Ele não gosta nem que ela vá aos bailes”, dizia a mãe.
 
A moda da época era vestidos longos, e ela não tinha nenhum, sendo necessário pegar alguns emprestados com a irmã mais velha e outros com a prima e, ainda comprar outros com o dinheiro dado pela Prefeitura de Colatina, um conto de réis, o que em Vitória lhe valeu o título diant4e das candidatas de Cachoeiro de Itapemirim e da Capital. Com a sua vitória, foi recebida em Colatina com Flores, o povo na rua, palmas, comércio fechado e, ainda, vinte contos de réis.
 
No Rio de Janeiro, para a escolha da Miss Brasil 1930, o júri era formado por intelectuais e políticos que por cinco dias, através de contatos com as misses concorrentes, estudavam suas personalidades, modos e belezas.
 
Cada uma delas tinha um representante político junto à organização do evento. Porém, o deputado capixaba da época, cujo nome não foi revelado, “não deu o ar da graça”, durante os eventos das candidatas nos dias que antecederam o concurso do Miss Brasil, como ela mesma afirmou, o que contribuiu muito para sua derrota.
 
No dia 14 de julho de 1930, o júri elegeu e proclamou a miss do Rio Grande do Sul, Yolanda Pereira, Miss Brasil 1930. A  miss São Paulo, a 2ª colocada e a Miss Espírito Santo, a colatinense Maria Rosa Ferrari, em 3º lugar. No dia seguinte os jornais do Rio de Janeiro divulgaram o resultado final. No jornal A Noite, na capa do exemplar de 15.07.1930, estão as fotos das três misses vencedoras. No centro da página, Yolanda, do lado direito a paulista e no alto do lado esquerdo aparece a capixaba Maria Ferrari.
 
Na época, todas as candidatas a Miss Brasil 1930, exceto Maria Ferrari, ficaram hospedadas no Hotel dos Estrangeiros (1849-1950), localizado no Caminho Velho de Botafogo, onde hoje fica a esquina da Senador Vergueiro com a Barão do Flamengo. A capixaba ficou hospedada na casa de um senador do Espírito Santo, pois o pai dela não quis deixa-la ficar no hotel.  
 
Viagem de avião
 
O fato de nunca ter viajado de avião e viajar em um hidroavião entre Vitória e a Capital Federal do Rio de Janeiro, em uma viagem, com várias paradas, que começava em um dia e terminava no outro, ter vômitos constantes e, além disso, enfrentar uma pane que exigiu uma aterrisagem forçada, Maria Rosa Ferrari soube superar tudo, principalmente ao se deparar no Rio com os preparativos que a cidade havia feito para ela: bailes, festas e os apoio de gritos Capixaba! Capixaba!
 
Já era óbvio que a briga pela beleza ia ficar entre a miss Espírito Santo e a miss Rio Grande do Sul, Yolanda Pereira. No dia do último desfile, faltou luz na cidade e, no corre-corre para se arrumar, Maria Ferrari machucou o rosto, cotovelos e joelho ao cair de encontro a uma máquina de costura. Com isso, não queria mais desfilar, mas todos da organização do evento a convenceram de continuar.
 
Um fato engraçado aconteceu, segundo ela, após o baile, deparou-se com um gaúcho que, querendo namorá-la, aproximou-se e disse: mulher é uma coisa engraçada. Outro dia te vi com este vestido, só que o laço era na frente”. Ela notou com desesperada certeza que tinha vestido a roupa ao contrário.
 
Se ser Miss Brasil era difícil para quem era do   Espírito Santo, mais ainda era em tempo de guerra. E já havia que afirmasse em jornais da época que “haja o que houver, ganha a miss Rio Grande do Sul para dar força a Getúlio Vargas (que era candidato a presidente da República) ”. Além disso, o Espírito Santo não tinha um representante no júri.
 
Naquele tempo era tudo às claras. As misses desfilaram para o júri com o rosto lavado sem maquiagem. Detidamente examinadas, empataram miss Espirito Santo e Miss Rio Grande do Sul. Na segunda votação, Maria Ferrari já ficou em segundo, juntamente com a Miss São Paulo. E depois, com a falha do representante, acabou em terceiro.
 
De acordo com o que ela mesma disse uma vez, “Yolanda Pereira era bonita, mas um pouco gorda demais. Em vários lugares que fomos, ouvimos o povo gritar que a capixaba era mais bonita. Yolanda era filha de operários e não sabia o jogo político que se escondia atrás dela. Era um ano de revolução no Brasil e ela precisava ganhar. Em 1930, o concurso internacional de misses foi feito no Brasil e, se agora reclamam de marmelada, precisavam ver naquela época. Havia misses lindíssimas e Yolanda acabou ganhando o concurso”.
 
Ela contava, naquela época, ser miss era uma boa oportunidade para arranjar um bom partido: “No meu tempo era tudo de rosto lavado. Nada de Helena Rubinstein, pintar cabelo, nada de ninguém arrumar a gente”.
 
Numa entrevista ao jornal A Gazeta, em 1973, com 59 anos de idade, Maria Rosa Ferrari contou toda a trajetória de seu brilhante título, o 3º lugar no Concurso de Miss Brasil, em 1930, no Rio de Janeiro.
 
Maria Ferrari, casou-se com o engenheiro carioca Dido Fontes de Faria Britto, logo após o concurso, e com ele teve três filhos, que lhe deram sete netos. Morava em Vitória e frequentemente vinha a Colatina. Ficou viúva e, em 1986, faleceu aos 72 anos de idade, vítima de câncer. O marido dela, Dido Fontes foi o primeiro diretor do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES).
 
Maria Fernandes
 
Eleita no início dos anos 1940, 18 anos, magra, morena clara, meiga, calma, elegante, muito otimista e, principalmente, muito bonita. Assim era Maria Fernandes, moça calada e de família de classe média.
 
Filha de Augusta Batista Fernandes, que tiveram 15 filhos, morava na rua Alexandre Calmon, uma das vias mais antigas vias da cidade. O irmão Augusto foi quem a acompanhou ao Rio de Janeiro, onde disputou com candidatas de todo o Brasil.
 
Na época o Clube Recreativo estava em pleno vapor em suas atividades sociais e havia um bloco cujo nome era “Holandesas” do qual Maria Fernandes fazia parte.
 
Como participante das festas do clube ela ganhou para Rainha do Recreativo, que organizava concursos de rainhas e princesas da cidade no período do Carnaval. A partir daí é que ela foi convidada a representar Colatina no concurso de Miss Espírito Santo, que acabou ganhando.
 
Após o concurso, Maria Fernandes casou-se com um veterinário e teve três filhos, Raul, Caroline e Marta e, ainda, vários netos. Atualmente a miss reside na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. É viúva e membro da Igreja Messiânica Mundial.
 
Em 1985, Maria Fernandes esteve em Colatina para visitar os amigos que aqui deixou. Uma das visitadas foi dona Arlete Tardin Giuberti esposa do ex-prefeito, ex-senador e ex-governador Raul Giuberti, uma das amigas mais antigas de Maria Fernandes.
Carminha Zamprogno
 
Nos anos 1950, outra colatinense caiu nas graças dos admiradores. Carminha Zamprogno era o seu nome. Era de família simples, também, como a maioria das candidatas dos concursos de beleza em Colatina.
 
Justina Primo
 
Justina Primo foi mais uma colatinense que se destacou por sua beleza em âmbito estadual, tendo sido eleita Miss Espírito Santo em 1964.  Quando ganhou tinha 18 anos, sendo de família humilde e, por isso mesmo, não frequentadora das altas rodas da sociedade.
 
Clara, de cabelos escuros, assim todos a conheceram no auge de sua beleza. Descendente de italianos ela morava nas proximidades do bairro Vila Nova.
 
Dalva Riva
 
Ainda nos anos 1960, a miss Colatina, Dalva Riva foi a última colatinense a conquistar o título de Miss Espírito Santo, em 1968. Participou do Miss Brasil. Dalva atualmente reside em Vitória.


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