21/08/2021 às 19h55min - Atualizada em 21/08/2021 às 19h55min

O comandante do vapor Juparanã, o russo Pedro Epichim

O Juparanã e realizou centenas de viagens entre Colatina e Regência

- Por Paulo César Dutra (Cesinha)
Presente & Passado
Pedro Epichim - de chapéu - nasceu em 12 de junho de 1890 na Rússia e morreu em 29 de outubro de 1968, em Colatina. Foto: Álbum Familiar Newton Epichim
 
 
A gente quando é criança, adolescente ou jovem, muita das vezes, deixa de aprofundar conhecimentos, por forma natural do nosso desenvolvimento humano. Por isto, eu só fui saber da importância do russoPedro Epichim, para o progresso de boa parte do Espírito Santo, mais diretamente de Colatina, a Princesa do Norte, que dia 22 de agosto completa 100 anos.

Quando eu via aquele senhor, que sempre estava sentado em uma cadeira na frente da casa onde morava na rua Duque de Caixas, hoje Rua José Marim, no bairro Vila Nova, em Colatina. Ele foi nada mais, nada menos, o comandante do desenvolvimento pluvial de Colatina. Ele foi o comandante do Vapor Juparanã, entre 1927 até o final da década de 1940.
 
Pedro Epichim era um imigrante russo, que tinha cursado engenharia naval em seu país, segundo informações do professor Altair Malacarne e que fora convidado a integrar o Governo do Espírito Santo, no Serviço de Navegação do Rio Doce e que construiu o vapor Juparanã, uma lenda no desenvolvimento da cidade. Pedro Epichim nasceu em 12 de junho de 1890 na Rússia e morreu em 29 de outubro de 1968, em Colatina, no Estado do Espírito Santo, no Brasil.

O imigrante russo comandou por muitos anos o barco a vapor Juparanã e realizou centenas de viagens entre Colatina e o porto de Regência, em Linhares.
 
Eu nascido em 1951 e criado na avenida AngeloGiuberti, em frente à estação ferroviária, no bairro Esplanada, em Colatina, vivi na cidade até 1971, de onde saí a procura de um emprego. Meus pais (Olinda “Linda” Guidoni e Joaquim da Silva Dutra) tinham um bar e restaurante, anexo à uma casa de madeira. Ali dei meus primeiros passos e comecei a estudar no Grupo Escolar Aristides Freire em 1958 e trabalhei com meus pais, até 1971.
 
Então foi em Colatina, que cresci, fiquei mais velho e cheguei a ensair ser jogador profissional de futebol entre 1967 e 1968 no Vila Nova, chamado pelo seu Jaime, que era o olheiro do time que tinha seuBené como técnico e o empresário e dono da R´[adio Difusora, Geraldo Pereira, como presidente. Como o Vila Nova acabou em 1968, o futebol profissional também.
 
Quem foi Pedro Epichim
 
Colatina, a Princesa do Norte começou a ser criada, com a chegada dos imigrantes italianos por volta de 1876, de acordo com registros dos arquivos públicos.

Como a exploração ficava do lado direito do rio Doce, que na ocasião era um rio caudaloso e na região ele tinha em torno de mil metros de largura. Além da difícil travessia, do outro lado estavam os índios ferozes, que não permitiam a sua transposição.
 
Os anos foram passando e a colonização de Colatina foi crescendo e no seu desenvolvimento apareceu na região, o engenheiro naval, o russo Pedro Epichim, contrato pelo Governo do Estado para montar o Vapor Juparanã, cujas peças vieram da Europa. tem uma rua com o nome do comandante do vapor Juparanã, Pedro Epichim (ou Epichin). Ele nasceu em 12 de junho de 1890 na Rússia e comandou por muitos anos o barco a vapor Juparanã e realizou centenas de viagens entre Colatina e o porto de Regência, em Linhares.
 
De acordo com historiadores, não há dados oficiais sobre o seu nome real ou origem. Podemos somente colocar a hipótese de seu nome ser Pyotr, que pode ser considerado o análogo russo do nome Pedro, enquanto o seu sobrenome, Epishin pode se ter transformado em Epichimou Epichin, sob a influência da fonética do português brasileiro.
 
Da sua história russa, existe um único retrato conhecido de Pedro Epichim, que faz parte do acervo do Museu de História de Regência, em Linhares,  mostra um homem jovem em uniforme militar de marinheiro. O único detalhe da sua aparência que pode contar-nos mais do que sabemos é a inscrição na fita ao redor de seu boné. Indica que, muito provavelmente, prestou o serviço militar no cruzador Zabaikalets (por tradição, no Império Russo as fitas dos bonés dos marinheiros tinham os nomes dos navios nos quais prestavam serviço, agora têm o nome de Frota na qual marinheiros prestam serviço).

Conforme algumas informações, o cruzador Zabaikalets foi lançado ao mar em 1906 e, a partir de 1907, foi colocado ao serviço na Frota do Mar Báltico do Império russo.
 
No Império russo os marinheiros eram a elite das Forças Armadas. Como regra, somente os nobres se podiam tornar oficiais da Marinha. Recebiam uma boa educação e destacavam-se como homens leais ao Czar russo. Muito provavelmente, Pedro Epichim era filho de fidalgos russos, mas isso é também somente uma hipótese.
 
As razões, bem como a altura da sua imigração para o Brasil, são desconhecidas. Segundo a professora Maria Lúcia Grossi Zunti, autora do livro Panorama Histórico de Linhares, ele teria abandonado a Rússia após a Revolução de Outubro de 1917 entre os muitos militares não solidários com o novo poder. Assim, a razão principal podia ter um caráter político.
 
Ao mesmo tempo, o jornal O Colatinense publicou informações que confirmam que a sua travessia do oceano Atlântico podia ter sido efetuada ainda antes do começo da Primeira Guerra Mundial. Qualquer que seja a verdade, segundo o historiador José Tristão Fernandes, Pedro Epichim desembarcou de um navio russo que aportou à cidade de Vitória e acabou ficando no Brasil, onde também encontrou uma mulher com quem se casou. Ele viria a ter 8 filhos e 21 netos.
 
Pedro era engenheiro naval e foi ter às oficinas da Vale (Companhia Vitória-Minas, em João Neiva", cita Sam de Mattos Jr a publicação de José Tristão Fernandes.O presidente do Espírito Santo (1924-1928) Florentino Avidos encontrou o imigrante russo e confiou-lhe "a missão de montar as peças e erguer o maquinário de aço.Foi assim que Pedro Epichim, engenheiro naval russo, se tornou comandante do vaporJuparanã, chamado pelos colatinenses de Velho Comandante ou Almirante.
 
O Juparanã
 
Qual era o instrumento principal do seu trabalho? O vapor Juparanã foi inaugurado em 1926. Segundo as Crônicas do Espírito Santo, escritas por Rubem Braga, o vapor, de cor branca, tinha “26 metros da popa à proa, e 6 de largura”. Era movido a lenha e dotado de um motor de 80 cavalos. Tinha dois andares e uma chaminé. No andar de cima acomodavam-se os passageiros da primeira classe, e no andar de baixo – os da segunda.

Tinha a capacidade de 300 pessoas e podia levar “até 25 toneladas de carga”. Conforme o texto de Maria Lúcia, o vapor realizava duas viagens por semana entre Colatina e Regência. Uma de ida e outra de volta. O Juparanã fazia várias escalas durante a viagem.
 
“Durante o percurso, o vapor parava muitas vezes perto de algum barranco onde havia uma bandeira branca, sinal certo que indicava a presença de passageiros ou cargas. Outras vezes parava para se abastecer de lenha que alimentava a caldeira e fazia girar as grandes rodas, rodas em forma de pás que moviam o barco”, escreveu Maria Lúcia.
 
O vapor foi local de encontros interessantes, de aventuras e novas experiências durante as viagens no rio Doce, que naquela altura era caudaloso.A história das viagens do Almirante Epichim acabou em um naufrágio. Por muitos anos, o velho vapor continuou à beira do rio Doce.A paisagem do rio mudou muito. Agora ele não é tão caudaloso como antes. A catástrofe que atingiu o rio em 2015 arruinou a beleza e biodiversidade do seu leito.
 
Conforme os Anais do Senado de novembro de 1968, Pedro Epichim foi um grande homem que conseguiu tornar-se brasileiro naturalizado e patriota exemplar do Brasil. O senador Cattete Pinheiro até chamou-o de “pioneiro da região do Espírito Santo”.
 
Segundo várias fontes, a missão do imigrante russo não era somente transportar pessoas e cargas entre diferentes pontos das margens do rio, mas contribuir para a colonização e desenvolvimento do Vale do Rio Doce. Entre outros pormenores conhecidos, sabe-se que Pedro Epichim não aceitava pagamentos pelo transporte de lavradores que chegaram para a região e não tinham forma de pagar.

As recordações de muitas pessoas provam que era um verdadeiro filantropo que agia nos interesses de toda a nação brasileira, um homem forte que tinha a vontade de se abrasileirar para cumprir a sua missão de forma melhor.
 
As pessoas que conheciam Pedro Epichim estão morrendo e hoje poucos podem recordar o tempo em que o vapor com o comandante russo a bordo aportava em Colatina vindo de Regência. E o Pedro Epichim morreu em 1968, e eu, fui no velório dele e no sepultamento, mas sem saber, na verdade, quem era ele.

E dez anos depois, quando eu trabalhava no Jornal A Gazeta, e cuidava dos suplementos especiais do jornal, quando editava o Especial de Colatina, li em uma das matérias um pouco de quem era Pedro Epichim, aquele homem que eu via sempre na porta da casa em que morava na rua Duque de Caixas (hoje rua José Marim), no bairro Vila Nova, em Colatina.
 
Hoje, na área onde está sepultado o vapor Juparanã, tem uma rua chamada Pedro Epichim, que é extensa e que segue paralelamente ao Rio Doce, talvez para nos lembrar das viagens deste homem que ficou na História brasileira.Hoje, pouca gente sabe quem foi o engenheiro naval que deu seu nome à rua da cidade. Eu agora sei que foi Pedro Epichim, que conheci como criança, adolescente e jovem...

Observação: sobre o texto acima, lembro aos leitores que mais de 80% dele foi tirado de diversas publicações sobre o comandante do vapor Juparanã.

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