10/01/2024 às 08h59min - Atualizada em 10/01/2024 às 08h59min

O Chevrolet Belair de Mamãe

- Lívia Garcia Roza
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Atravessávamos vales, florestas, planícies, e o carro sacudia nos campos de trigo. Foto: álbum de Família - Lívia Garcia-Roza


Eu era menina quando andava no carro Chevrolet Belair de mamãe, e ela corria e vinha o vento da janela e jogava meu cabelo no olho, mas o cabelo encaracolado de mamãe não se movia, e eram instantes velozes aqueles em que atravessávamos vales, florestas, planícies, e o carro sacudia nos campos de trigo, e suas espigas eram lindas, mas eu não podia falar enquanto mamãe dirigia.

Quase passamos em cima de uma revoada de pombos, acho que matamos umas borboletas pelo caminho, uma asa colorida ficou presa no vidro do carro, e eu dava umas cabeçadas na janela, por causa das sacudidelas.

Havia um boi no caminho, mas mamãe desviou pela campina verdejante e até colheu uma maçã pra mim e depois que eu dei uma mordida comecei a ficar diferente, uma garota maior, vim a ter seios e usar muito os dentes para sorrir para os rapazes, mas eles me preferiam de saia rodada, cabelos soltos, sem sutiã, quase nua, dando risada, e o resto não há quem não saiba o que aconteceu nas dunas da praia de Icaraí. Bem em frente ao Trampolim.

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