25/11/2018 às 20h41min - Atualizada em 25/11/2018 às 20h41min

Da canoa gigante ao convés do navio a vapor no Rio Doce

Navio singrou o Rio Doce de 1927 a 1954

Nilo Tardin - Nilo Tardin
O vaporzinho singrou o majestoso Rio Doce de 1927 a 1955. A condução pelo rio mudou o rumo da colonização. Soçobrou no lamaçal e foi soterrado em Colatina onde é hoje a Avenida Senador Moacyr Dalla, o aterro da Beira Rio.
 
José Dias fichou como tripulante em 1944 aos 18 anos. Já era homem feito da água. Lidava na condução de grande quantidade de mercadorias, pessoas e animais na colossal canoa do Rio Doce. 

Exímio remador, o marujo afirma que as canoas foram escavadas num tronco único de madeira de lei. 

Duas delas viraram lendas, a Montanha e Sabiá que não navegam mais. As duas afundaram no alçapão do tempo.
 
Segundo ele, a canoa Montanha media 16 metros esculpida a machado e enxó goiva no vinhático, árvore tirada no Córrego das Piabas, em Itapina. Carregava 65 sacos de café no frete. “A Sábia de peroba amarela foi talhada na gigantesca tora vinda de São Domingos.
 
O João Brottas a trouxe no reboque amarrada na corrente. De proa a popa media 15 metros ajudei na construção. Eu e  meu irmão Elpídio e  o Euzébio remava de Porto Belo a Colatina para entregar a safra e trazer mantimentos para o povo”, recordou. A canoas de frete pertencia a José Albuquerque de Souza,  segundo Adoris descendente da fidalguia portuguesa.
 
A fama de prático foi à travessia das canoas para o convés do Juparanã. “O capitão Epichim me chamou. Lembro-me exatamente como foi. Tava de camisa branca de manga comprida, calça escura e botina. O chefão do Juparanã que era russo falou embolado. – Preciso de alguém que entende de água. Soube que você é experiente. Quer vir trabalhar comigo? “Sai empregado”, acentuou Zé Dias com um leve sorriso. 
 
“Fui trabalhar sem uniforme mesmo. Depois fiz o meu. De dia ou na escuridão da noite profunda, o Juparanã não deixava ninguém na mão. Um pano de saco branco virava bandeira amarrado na embira. O passageiro acenava da margem do rio.
 
 Logo o timoneiro Mário Penha virara a roda d’água para buscá-lo. A noite, uma lanterna, facho ou mesmo tição em brasa servia de guia na atracação do navio-gaiola. O embarque era iluminado pela luz bruxuleante do lampião a querosene na ponta do catuá - varão de cinco metros usado nas manobras.
 
 
 
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